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“Colesterol” é uma daquelas palavras que escutamos constantemente, mas que de fato poucos compreendem o que é. Suscita temor e vem associada a doenças e problemas de saúde.
O colesterol é acusado de entupir artérias e causar ataques cardíacos.
Mas, o fato é que o colesterol é nada menos do que essencial para a vida. É usado para sintetizar diversos hormônios necessários para o bom funcionamento do organismo, como o estrogênio, a progesterona e a testosterona.
É também o colesterol que interage com os raios do sol para produzir a vitamina D, um pró-hormônio responsável por regular mais de 2000 funções do corpo, incluindo a imunidade, a ?xação de cálcio nos ossos e a saúde do cérebro.
O colesterol é encontrado nas membranas celulares e transportado no plasma sanguíneo de todos os animais e também funciona como antioxidante protegendo tecidos e restaurando as paredes arteriais.
É de tamanha importância que entre 80% e 90% é fabricado pelo próprio corpo. Portanto, o colesterol ingerido através da alimentação tem um impacto muito pequeno sobre os níveis de colesterol sanguíneo.
Sabendo de tudo isso, será que há motivos reais para temer o colesterol e controlar tão rigidamente sua quantidade? E se é tão importante, por que é tão mal falado?
O “MITO” DO COLESTEROL
Como sabemos, a ciência avança através de testes, erros, acertos, revisões e confirmações, até que um conhecimento sólido, objetivo e coerente se estabelece.
O que ocorreu e ainda ocorre com o colesterol é a difusão de informações parciais e fora de contexto que foram se misturando com interesses da indústria alimentícia e farmacêutica e foram se consolidando numa parcela da medicina mais convencional e na opinião popular.
Ou seja, informações de testes iniciais, especulações, experimentos nada conclusivos acabaram sendo utilizados para gerar temor na população e lucro para alguns setores.
Lembre-se, a teoria de que o colesterol causa problemas cardíacos é apenas uma teoria, e uma teoria que está sendo cada vez mais desacreditada.
O mal-entendido sobre o colesterol começa há mais de 100 anos, em um experimento feito em coelhos, no começo de 1900. Neste experimento, foram utilizadas dosagens altíssimas em um organismo de ?siologia e metabolismo completamente diferentes do ser humano. Além disso, foi utilizado colesterol puri?cado e oxidado.
Neste experimento, as artérias do coelho estavam obstruídas por placas que continham colesterol. Concluíram que o colesterol entope as artérias. No entanto, coelhos não são feitos para ingerir colesterol, já que o colesterol é uma substância presente apenas em alimentos de origem animal e o coelho é um herbívoro.
Em 1956, o russo David Kritchevsky, “complementou” o experimento ao alimentar coelhos com óleos poli-insaturados observando que neste caso, a placa aterosclerótica não se formava.
Afirmou ser o colesterol o produtor da aterosclerose no coelho, e propunha a diminuição de gorduras animais e o uso dos óleos poli-insaturados vegetais para reduzir os níveis de colesterol.
Extrapolar o que aconteceu com o coelho nestas condições para o que ocorre com o ser humano, cujo consumo de produtos ricos em colesterol foi peça pivotal de sua evolução fisiológica, é de fato, absurdo.
Em 1955, Ancel Keys sugeriu em uma conferência que as doenças coronarianas seriam provocadas pelo acúmulo de gorduras saturadas e colesterol. Após isto, Keys iniciou um estudo populacional baseado em estatísticas governamentais que foi publicado em 1978, e ficou conhecido como “O Estudo dos Sete Países”, no qual reafirma a hipótese inicial da correlação entre o consumo de gordura saturada com doenças cardíacas em sete países.
Acontece que o estudo é muito falho, e uma de suas principais críticas é a escolha de dados que se encaixem em suas ideias, enquanto outros dados importantes são descartados: o famoso “cherry picking”. Havia informações disponíveis de 22 países, mas foram selecionados apenas os países que melhor se encaixavam na proposta, enquanto que os dados dos outros 15 países não foram incluídos. Alguns deles como Alemanha, México, Dinamarca, Noruega e Holanda mostram alto consumo de gordura saturada e baixa incidência de doenças cardíacas.
A partir do começo da década de 1960, campanhas e propagandas solidificaram e espalharam a noção equivocada de que gordura saturada e produtos de origem animal são prejudiciais à saúde e que produtos recém inventados, como óleo refinado de milho, margarina, leite desnatado e cereais matinais eram as escolhas certas e saudáveis.
Em 1977, o governo norte-americano publicou o documento “Diretrizes Alimentaras para os Americanos”, que enfatizou que as epidemias de doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão e diabetes estavam relacionadas ao consumo de carne, gordura saturada, colesterol e açúcar.
Este relatório serviu de base para a famosa pirâmide alimentar e as diretrizes recomendadas mundialmente por órgão oficiais pelos próximos 35 anos.
E assim, o que era apenas especulação advinda de experimentos rudimentares e estudos observacionais foi ganhando status de verdade científica indiscutível e alimentos nutritivos e saborosos, como ovos, queijos e manteiga passaram a ser eliminados do cardápio de muita gente.
Os anos se passaram, mais pesquisas foram feitas e atualmente esta hipótese de que o colesterol em alimentos ou mesmo níveis elevados de colesterol sanguíneo causem problemas cardíacos é insustentável.
No entanto, baseados neste conhecimento obsoleto, muitos ainda estão trocando gorduras tradicionais utilizadas há milênios, inclusive por populações com taxas de doenças cardiovasculares de quase zero, por óleos industriais, de uso recente.
Os óleos vegetais refinados, já estão oxidados nas garrafas e causam estresse oxidativo no corpo, que propicia diversos problemas de saúde. Além disso, estes óleos contêm excesso de ômega 6, que leva a processos in?amatórios, também conectados a diversas doenças, inclusive cardiovasculares.
Nem o colesterol presente nos alimentos, nem a gordura saturada natural são responsáveis por problemas cardíacos ou obesidade.
E OS RISCOS RELACIONADOS AO COLESTEROL? E O COLESTEROL RUIM?
O colesterol é na verdade um esterol, um tipo de álcool. Não é gordura, e a gordura não aumenta o colesterol.
O colesterol é utilizado pelo corpo para reparar tecidos danificados e combater inflamações, portanto o colesterol alto pode indicar que o corpo esteja passando por dificuldades, mas não significa que o colesterol esteja causando as dificuldades.
Primeiramente precisamos saber que as siglas LDL e HDL se referem a lipoproteínas, que são responsáveis por transportar o colesterol pela corrente sanguínea. Tanto o HDL quanto o LDL desempenham funções importantes para a saúde.
O HDL transporta o colesterol dos tecidos para o fígado, e pelo fato de transportar o colesterol para ser reciclado ou excretado, o HDL foi considerado bené?co, já que estaria retirando o colesterol do sangue.
O LDL transporta o colesterol fabricado no fígado para o resto do corpo e diversos tecidos. Por estar levando colesterol para o sangue, o LDL ?cou conhecido como “ruim”.
O colesterol, principalmente o LDL pode estar presente na placa de ateroma – que causa o famoso entupimento das artérias, mas isso não significa que o colesterol cause a formação desta placa, assim como encontrar bombeiros no incêndio não significa que eles causem o incêndio ou encontrar policiais na cena do crime, não quer dizer que são os policiais os agentes do crime.
Muitas vezes o colesterol alto está indicando alguma inflamação interna que precisa de um cuidado maior. Baixar o colesterol não vai curar a inflamação, vai apenas tirar de cena este sinalizador específico que está tentando equilibrar o organismo.
Mas, além da quantidade, a qualidade do colesterol é importante.
O excesso de açúcar e carboidratos e a atuação de radicais livres, muitas vezes provenientes dos óleos vegetais, oxidam e “caramelizam” partículas de LDL, que se tornam prejudiciais.
Outros fatores podem revelar mais sobre a sua saúde do que o nível do colesterol total. Os triglicerídeos altos, por exemplo, são uma indicação clara de que algo não está bem e que mudanças precisam ser feitas.
Uma maneira de avaliar a qualidade do seu colesterol e os indicadores de risco, é através das relações entre cada valor mostrado no seu exame.
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