Endometriose e Infertilidade

Dra. Lidia Hyun Joo Myung, Ginecologia e Obstetrícia

Publicado em 28/08/2017 - Atualizado em 03/05/2024



O que é Endometriose?

A endometriose é considerada uma doença da mulher moderna. Atinge cerca de 15% de toda a população feminina mundial que está em idade produtiva e reprodutiva.

No Brasil estimamos cerca de 6 milhões de brasileiras com a doença. É definido como a presença do tecido do endométrio, que normalmente reveste a cavidade interna do útero, fora da cavidade uterina.

Ocorre mais frequentemente no abdômen e na pelve, atingindo o peritônio, região atrás do útero ou mais profundamente em órgãos como o ovário, bexiga e intestinos.

Quais os sintomas?

Os sintomas constituem um conjunto de 6 dores:

  1. dor tipo cólicas no período menstrual
  2. dor pélvica diária,
  3. dor durante a relação sexual na profundidade
  4. dor para evacuar no período menstrual
  5. dor para urinar no período menstrual
  6. dor da infertilidade (40 -50% dos casos)

Como diagnosticar a Endometriose?

O diagnóstico deve ser feito por um ginecologista especialista em endometriose, que analisará a presença dos sintomas, poderá também identificar nódulos ao exame de toque vaginal e solicitará o exame de ultrassonografia especializada ou a ressonância magnética, estes também realizados por especialistas em endometriose, para o correto diagnóstico.

Como tratar?

O tratamento da endometriose pode ser clínico ou cirúrgico.  

O tratamento clínico pode ser feito com medicações hormonais, analgésicos e antiinflamatórios para controle dos sintomas. Neste caso, a paciente deve acompanhar periodicamente com exames de ultrassom e ressonância a progressão ou não da doença, uma vez que os medicamentos controlam apenas os sintomas e não tratam as lesões.

A cirurgia está indicada para os casos em que não houver melhora dos sintomas com os medicamentos, ou quando a mulher deseja engravidar e não pode tomar os medicamentos hormonais (em geral anticoncepcionais).

A técnica cirúrgica para a endometriose é a laparoscopia, que permite a retirada das lesões com mínimas incisões no abdômen, sem precisar de cicatrizes maiores, e permitindo a rápida recuperação com menor risco.

Dúvidas e respostas mais comuns sobre Endometriose, infertilidade, cólicas menstruais, sintomas e tratamento:

1 – Nenhuma mulher está livre das cólicas menstruais? Toda mulher em algum período na vida vai ter uma episódio de cólica?

A cólica menstrual normalmente está associada a contrações da musculatura do útero durante o período menstrual que podem ou não causar dor, dependendo de mulher para mulher. Nem toda mulher sente cólicas menstruais.

2 – O ciclo menstrual varia de 3 a 7 dias, é normal a mulher ter cólica em todos os dias do ciclo ou em apenas alguns?

A cólica menstrual em geral quando incomoda a mulher, é mais intensa nos primeiros dias do ciclo menstrual.

3 – Meninas que tiveram a primeira menstruação recentemente também podem sofrer com as cólicas fortes ou ter cólica menstrual é mais comum em mulheres adultas?

Cólicas menstruais não relacionados a doenças ginecológicas costumam aparecer desde as primeiras menstruações, em geral, não são incapacitantes, permitindo que as mulheres tenham sua rotina de atividade normal.

4- Adolescentes reclamam muito de cólica. Até que ponto é normal?

Infelizmente não há como prevenir as doenças ginecológicas que levam ao aumento das cólicas tais como endometriose, miomas e a adenomiose. Mas é importante o diagnóstico precoce para seguimento e controle dos sintomas, bem como para indicar tratamento cirúrgico quando necessário. Dores que impeçam as atividades habituais devem ser reportadas ao médico ginecologista. A consulta regular, pelo menos anual, é importante para todas as mulheres, para prevenção de câncer de colo uterino com a coleta do papanicolau para mulheres que já iniciaram atividade sexual e detecção precoce do câncer de mama. É importante relatar a ocorrência de cólicas, direcionando assim a investigação e tratamento necessários para cada caso.

5- É conhecido o uso de anticoncepcionais para controle da cólica. É indicado?

Os anticoncepcionais controlam os sintomas de dor relacionados ao período menstrual. Quando a dor tem origem em alguma doença ginecológica, o uso de anticoncepcionais não tratam essas doenças, apenas reduzem a dor.

6- Quais são as melhores formas para amenizar o desconforto?

O melhor é procurar orientação do ginecologista para o uso adequado de cada medicamento e saber as contraindicações de cada uso. As alternativas mais usadas são os analgésicos, anti-inflamatórios e anticoncepcionais.

7- Existem cuidados com a alimentação ou atividades físicas que podem ajudar ou prevenir a cólica?

A manutenção de hábitos alimentares saudáveis e a prática de atividade física regular têm comprovação científica que reduzem as cólicas.

8 – Segundo um estudo da Revista Brasileira de Medicina, cerca de 33 milhões de brasileiras sofrem com cólicas menstruais a ponto de impactar sua produtividade no trabalho? Quando a dor da cólica é comum? E Quando a mulher deve procurar ajuda médica?

Muitas mulheres sofrem de cólicas menstruais. Quando as cólicas menstruais são tão intensas que interferem na rotina do dia a dia devemos investigar se não há causas de doenças ginecológicas envolvidas no processo como miomas, adenomiose, ou endometriose.

9 – É possível prevenir as cólicas menstruais?

Primeiramente, a paciente deve fazer consultas regulares ao ginecologista de sua confiança para exames gerais e detecção de alguma doença ginecológica que possa levar a exacerbação das cólicas menstruais. Após essa avaliação, o ginecologista pode tratar a cólica, dependendo de cada caso, com analgésicos, antiinflamatórios e anticoncepcionais.

10 – Sentir dores fortes durante as cólicas menstruais não é comum e é sinal de doenças como a endometriose? Além da endometriose, quais  as doenças que as fortes cólicas podem indicar? 

Muitas mulheres sofrem de cólicas menstruais. Quando as cólicas menstruais são tão intensas que interferem na rotina do dia a dia devemos investigar se não há causas de doenças ginecológicas envolvidas no processo como miomas, adenomiose, ou endometriose. Se a paciente não costuma ter cólicas e apresenta um episódio de cólicas menstruais fortes, podemos suspeitar de quadros de abortamento, cistos no ovário ou gravidez tubárea.

11- Há problemas em suprimir a menstruação com o uso de pílulas contínuas?

Não há problemas. Porém, vale lembrar que não há métodos hormonais que garantam 100% de supressão de sangramento.  Muitas vezes a mulher pode apresentar os chamados “escapes”. Pode se indicar a supressão da menstruação em casos em que a paciente apresente menstruação excessiva ou dolorosa como por exemplo, miomas, endometriose, adenomiose, entre outros.

12- Há graus de dificuldade para a mulher engravidar conforme sua idade?

Sim. As chances de gravidez na mulher diminuem de acordo com sua idade. Essa queda de fertilidade é mais acentuada após os 30 anos, se torna mais vertiginosa aos 35, e piora ainda mais aos 40, mesmo em casos de reprodução assistida.

13- Os óvulos envelhecem? A partir de qual idade?

A qualidade dos óvulos, tanto para conseguir engravidar, quanto em questões genéticas, se deteriora conforme a idade. A faixa entre 40 e 45 anos é a mais delicada.

14- Uma gravidez tardia pode trazer riscos para a saúde da mulher?

Sim, a maior exposição aos hormônios ovarianos, devido à gravidez tardia, aumenta o risco de doenças como endometriose, miomas, câncer de mama e do endométrio.

15- Há indicação de congelamento de óvulos, e também de esperma, para casais que querem adiar o plano de serem pais?

A medicina reprodutiva nos oferece a possibilidade de congelar os óvulos ou os embriões. É muito importante indicar esse procedimento para casais que vivenciam situações como de câncer, seja na mulher ou no homem, que serão submetidos a tratamento cirúrgico de remoção dos ovários ou a quimioterapia. Hoje em dia temos o chamado “criopreservação” da fertilidade feminina, em que isso é feito quando a mulher não tem perspectivas de ter filhos tão logo, sendo mais indicado fazer até os 35 anos.

16– Afinal, por que a endometriose é considerada uma doença da mulher moderna? 

A Endometriose tem sua origem mais aceita relacionada a menstruação. Com isso, quanto mais a mulher menstrua, maiores as chances dela desenvolver endometriose. A mulher moderna investe em sua carreira e em sua independência financeira, adiando a 1a gravidez e reduzindo o número de filhos, com isso a mulher hoje menstrua em média 400 vezes durante a vida. Há 100 anos estima-se que a mulher menstruava por volta de 40 vezes apenas, por engravidar mais cedo e ter, em média, maior número de filhos.

Outra característica que envolve a mulher moderna é o estresse, além dos fatores ambientais como poluição, alimentação menos saudável, favorecendo uma disfunção imunológica, aumentando o risco para desenvolver endometriose. Existem alguns estudos que mostram a associaçao da endometriose com alimentação rica em gorduras trans, e a exposição a poluentes e a dioxina (produto da combustão de poluentes ambientais).  

17 – Por que a endometriose pode causar infertilidade?

A endometriose pode causar aderências pélvicas, obstrução das trompas uterinas, dificuldade para ovular, inflamação na pelve e no útero com maiores chances de abortamento. 

18 – O que é possível fazer para diminuir a chance da endometriose levar à infertilidade?

Através do diagnóstico e tratamento precoces conseguimos prevenir as formas graves e profundas da doença, e no caso de infertilidade, encaminhar a mulher com maior rapidez para o tratamento da endometriose e ajudá-la com técnicas de reprodução assistida de preferência antes dos 35 anos.

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