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Se você sofre de depressão, transtorno bipolar ou busca informações sobre esses temas para algum amigo ou ente querido, é provável que tenha se deparado com o termo "Cetamina". Como existem diferentes abordagens sobre esse assunto, é natural que surjam dúvidas e questionamentos, por isso resolvi trazer neste artigo, algumas informações básicas e elencar algumas perguntas para você fazer ao seu médico. O objetivo é lhe deixar seguro, confortável e com o máximo de informações possível sobre esse procedimento que ja salvou a vida de inúmeras pessoas com depressão, transtorno bipolar, ansiedade, pensamentos suicidas e auto mutilação.
O QUE É, QUANDO USAR?
Cetamina é um anestésico que temos disponível em duas apresentações no Brasil: forma endovenosa (veia), aplicado em um ambiente hospitar sob cuidados de um médico anestesista, ou um spray nasal, aplicado também em ambiente hospitalar, mas não necessariamente com anestesia. A substância presente nestas duas apresentações é a mesma, cloridrato de escetamina, que chamamos comumente de CETAMINA, já que foi com esse nome que a primeira versão da medicação chegou ao mercado em 1970.
A Cetamina tem sido empregada como anestésico na medicina humana e veterinária desde 1970. Como anestésico intravenoso, a Cetamina atua como auxiliar em procedimentos cirúrgicos e diagnósticos, demonstrando um perfil de segurança notável quando administrada dentro de um hospital e sob a supervisão de um médico anestesista. Contudo, é importante ressaltar que, quando utilizada fora do ambiente hospitalar e adquirida ilegalmente, a substância pode ser uma droga perigosa.
O reconhecimento da Cetamina como antidepressivo e redutor de ansiedade remonta ao relato inicial em 1973, ganhando maior destaque a partir da publicação do pesquisador americano John Krystal em 2000. Desde então, as pesquisas evoluíram significativamente. A indústria farmacêutica desenvolveu seus próprios produtos, aproveitando o fato de que a Cetamina, por ser uma substância antiga, já não possui patente.
Atualmente, possuímos um entendimento substancial sobre a eficácia da Cetamina, tanto na forma endovenosa quanto na apresentação em spray nasal. Ambas as formas de administração foram aprovadas pela Anvisa. A forma endovenosa, mais antiga, recebeu aprovação desde 1970 para anestesia e sedação. Por outro lado, a apresentação em forma de spray foi aprovada em 2020 para o tratamento da depressão unipolar em adultos, marcando um avanço significativo no campo da saúde mental.
QUAL APRESENTAÇÃO DEVO USAR?
Vamos começar pelos resultados de eficácia.
A Cetamina endovenosa mostrou eficácia em 30% das pessoas após a primeira aplicação e em 70% ao término de 6 aplicações. Já a Cetamina em spray nasal demonstrou um resultado positivo em 36% das pessoas ao final de 8 aplicações. Vale ressaltar que, no contexto de pensamentos suicidas, o spray nasal não apresentou tantos resultados significativos, enquanto a Cetamina endovenosa, respaldada por vários estudos científicos, comprovou uma eficácia de até 80% de resolução ao término da primeira fase de tratamento, composta por 6 aplicações.
QUANTO CUSTA?
A diferença do custo entre a aplicação endovenosa e o spray nasal é muito significativa. Uma sessão de Cetamina endovenosa pode variar de R$1.500 a R$2.500, dependendo do local e do tipo de acompanhamento fornecido ao paciente. Já o spray pode chegar a R$9 mil reais, sem considerar os custos hospitalares e honorários médicos.
Por isso é muito importante também, levar em consideração essas questões financeiras para garantir que a escolha seja viável e alinhada às suas circunstâncias individuais.
QUAIS SÃO OS EFEITOS COLATERAIS?
Os efeitos colaterais são bem semelhantes nas duas formas de administração e incluem: sedação, tontura, náuseas, vômitos, dor de cabeça e uma sensação peculiar promovida pela medicação, conhecida como dissociação. A presença do médico anestesista é essencial, especialmente devido à sedação associada. Todos os efeitos colaterais ocorrem durante a aplicação e desaparecem em até 2 a 3 horas.
Uma distinção significativa entre as formas de apresentação é observada na via nasal, onde a carga completa do anestésico é administrada de uma só vez. Em casos de desconforto ou sinais mais graves, não há a capacidade de interromper imediatamente o procedimento. Por outro lado, na administração endovenosa, a carga de anestésico é administrada segundo a segundo, proporcionando a capacidade de interromper a terapia, o que acrescenta uma camada adicional de segurança ao procedimento. Essa diferença pode ser crucial para pacientes que valorizam a flexibilidade e a capacidade de intervenção durante o tratamento.
ONDE REALIZAR O PROCEDIMENTO?
Como a Cetamina é anestésico, é importante que o procedimento seja conduzido na presença de um médico anestesista ao longo de todo o processo. Essa prática não apenas está alinhada com as recomendações da bula do medicamento, mas também está em conformidade com as leis relacionadas à sedação. A escolha de um local com ampla experiência no procedimento é essencial, pois mais do que simplesmente administrar uma medicação por via intravenosa, estamos lidando com um tratamento psiquiátrico, e não apenas uma aplicação de medicamento.
No caso da versão em spray nasal da Cetamina, é importante destacar que ela só é aprovada para pacientes de 18 a 60 anos, diagnosticados com depressão do tipo unipolar, e que estão iniciando um novo antidepressivo oral. No entanto, existem algumas restrições, pois a indicação exclui pessoas com depressão bipolar, transtornos de personalidade, uso de substâncias ilícitas, indivíduos abaixo de 18 anos, idosos e asiáticos. Essas contraindicações se aplicam especificamente à forma em spray nasal. Essas restrições não se estendem à forma endovenosa da Cetamina, pois esta possui uma base mais ampla de estudos que comprovam sua eficácia, além de um maior controle sobre a administração devido ao uso de uma bomba de infusão contínua.
Ao escolher um local para o procedimento, é aconselhável optar por um ambiente onde haja contato direto com o médico responsável pelo tratamento. A presença contínua de um médico durante o procedimento é fundamental para orientar e garantir a sua segurança ao longo do tratamento.
O QUE NÃO FAZER?
A administração de Cetamina por via subcutânea, como uma injeção na barriga, não está de acordo com as indicações aprovadas e estabelecidas na bula do medicamento. A Cetamina é especificamente aprovada para administração intravenosa, intramuscular profunda e, em sua apresentação específica, pelo nariz. Qualquer outra forma de administração, como a subcutânea, É PROIBIDA. Assim fuja de clínicas que oferecem essas práticas não convencionais!
O QUE MAIS DEVO SABER ANTES DE USAR?
Antes de iniciar um procedimento com Cetamina, questione o médico sobre sua experiência com a substância e sua capacidade de lidar com emergências, mesmo que raras. Esclareça o objetivo terapêutico desejado e compreenda o plano específico para atingi-lo. Além disso, discuta o plano de acompanhamento após as primeiras infusões ou aplicações do spray.
Informe-se, cuide-se e mantenha sempre uma comunicação aberta com seu médico.
