Prevenção de doenças cardiovasculares e envelhecimento saudável

Dr. Otávio Celso Eluf Gebara, Cardiologia

Publicado em 14/02/2023 - Atualizado em 27/04/2024



O conjunto de doenças cardiovasculares tem se mantido, ao longo de décadas, como a causa mais importante de mortalidade, contribuindo significativamente para a perda da saúde e incorrendo em altos custos para a maioria dos países todo mundo. É bem verdade que houve uma redução significativa na incidência de algumas delas, tais como o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral. Porém, nos últimos anos essa tendência parece que perdeu força, e em alguns grupos populacionais, até se inverteu.

Várias intervenções são conhecidas de todos nós, e largamente comprovadas por estudos científicos, que promovem o envelhecimento saudável. Dentre estas, a atividade física regular, é comprovadamente a mais importante para manter a saúde e a funcionalidade osteomuscular, bem como para prevenir doenças crônicas. A educação para uma alimentação saudável é outro tópico de extrema complexidade e igualmente essencial. Os fatores de risco clássicos como o tabagismo, colesterol elevado, diabetes, obesidade e hipertensão arterial devem ser controlados e isso reduz significativamente o risco, chegando a uma redução de aproximadamente 80% em alguns estudos. Então, qual seria a causa para esta desaceleração da queda da incidência das doenças cardiovasculares? Vários fatores podem ajudar a entender este recente fenômeno. O sedentarismo tem se tornado epidêmico nos últimos anos. A pandemia de Covid 19 resultou em redução global da atividade física, aumento de obesidade, redução de consultas e oportunidades de prevenção de fatores de risco, além do risco inerente da infecção para o sistema vascular. O controle da hipertensão, que é isoladamente o fator de risco mais impactante no aumento das doenças cardiovasculares, tem controle sub-ótimo na maioria das populações.

Mas existem alguns fatores que tem importante influência no risco cardiovascular e que não tiveram a atenção merecida nos últimos anos: os determinantes socias de saúde (ou em inglês, social determinants of health – SDOH). Entre eles, a insegurança alimentar, acesso a sistema de saúde, poluição ambiental, condições de moradia, emprego e contexto e suporte social e emocional entre outros. Quando estes são analisados entendemos parte das disparidades em indicadores de saúde observadas em diferentes populações em uma mesma cidade. Por exemplo, minorias negras ou hispânicas em algumas cidades tem taxas do mortalidade cardiovascular maiores e expectativa de vida menores quando comparados com outros grupos.

Em conclusão, avançamos muito no controle de fatores de risco clássicos, que levam a doenças cardiovasculares, mas um novo olhar a outros fatores será fundamental para evoluirmos no futuro.

 

Referências:

https://data.worldbank.org

Vaduganathan M, Mensah GA, Turco JV, Fuster V, Roth GA.The Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risk: A Compass for Future Health. J Am Coll Cardiol. 2022 Dec, 80 (25) 2361–2371

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