Qual idade mínima para o uso do Botox?

Redação , Dermatologia

Publicado em 31/01/2021 - Atualizado em 02/05/2024



O princípio pode até parecer lógico. Em vez de tentar minimizar os efeitos de uma ruga formada no rosto (tarefa ainda difícil para a medicina), usa-se toxina botulínica, ainda na juventude, para paralisar músculos e impedir que a linha de expressão se forme. Rotineira no estilo de vida de celebridades, a tática chegou a pessoas comuns, criando um nicho de mercado atrativo para clínicas e consultórios (médicos e estéticos).

Mas a prática, cada vez mais popular, vem causando polêmica. Afinal, não estaria existindo um excesso de vaidade de jovens na faixa dos 20 anos e até menos que começam a adotar o procedimento? Não há uma idade mínima para começar a usar o popularmente conhecido botox (em referência a marca mais famosa)?

“A procura vem aumentando muito. As adolescentes mostram ter visão estética quando procuram por implantes de silicone [nas mamas]. Daí para fazer outro procedimento é fácil, porque todos parecem menos complexos se comparados a uma cirurgia”, avalia o cirurgião plástico Marco Aurelio Gamborgi, diretor no Paraná da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Mas o assunto é tabu mesmo entre esses pacientes, que não admitem abertamente fazer uso da toxina.

Avaliação

A prática não se justifica para todo e qualquer jovem. Gamborgi salienta que bons profissionais filtram a clientela de forma a definir quem se beneficiaria da tática. “São pessoas que têm vida estressante e são expressivas”, avalia. “Muitos jovens chegam aos 20 anos com marcas de expressão, especialmente os de pele clara.” O cirurgião reconhece que, quando a triagem é feita, o número de clientes que sobra é pequeno. “No meu consultório, cerca de 5% dos pacientes é jovem e apenas uma parcela usa a toxina.”

A reportagem constatou que a classe médica ligada a estética não tem o hábito de comentar a fundo o impulso que leva jovens a se preocuparem com rugas tão cedo. O principal argumento é de que o uso da toxina botulínica vai além do estético. Derivada de um veneno produzido pelas bactérias que causam uma doença chamada botulismo, a toxina é receitada para pacientes com paralisias e vem sendo testada até para problemas cardíacos. O uso é tão amplo que abrange bebês, o que dá justificativa para o silêncio.

Especialista em toxina botulínica, a dermatologista Bhertha Thamura informa que pesquisas definiram que o uso estético da substância não faz sentido antes dos 12 anos. “O paciente tem que ser muito bem avaliado por um excelente profissional”, diz. Bhertha ressalta que o efeito temporário esconde o fato de que a toxina tem riscos pouco desprezíveis. Ela pode desencadear doenças neurológicas de fundo genético. “É um alerta para quem faz a aplicação com dentistas, esteticistas e médicos que não entendem do assunto”, acredita.

Dismorfia

É inegável que a preocupação precoce com rugas exige atenção. Ela pode ser reação a pressões familiares ou do ambiente em que o jovem vive, além de baixa autoestima. Especialista em dismorfia corporal (transtorno em que a autoimagem do doente é diferente da real), o psiquiatra Glauber Higa Kaio lembra que a adolescência e o início da vida adulta são fases de insegurança em que qualquer mal-estar é superestimado. “O jovem pode atrelar algum complexo interno à aparência. Tendo conflitos mentais não resolvidos, ele nunca verá sua beleza”.
 

Fonte -https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/moda-e-beleza/hora-certa-para-o-botox/

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