20 Atitudes pessoais contra o câncer

Dr. Fernando Maluf, Oncologia (clínico)

Publicado em 11/11/2017 - Atualizado em 26/04/2024



1. Procure manter a calma e o raciocínio e seja pró-ativo nesse processo

Parece mais fácil falar do que fazer. Quando se recebe a notícia de um diagnóstico de câncer, vem a sensação de que o chão desaparece debaixo dos seus pés e o mundo desaba. A seguir, vêm a negação e a desconfiança da possibilidade de que o exame possa não ser seu. Depois, há os questionamentos: por que aquilo ocorreu com você, que é uma boa pessoa, e não com outra? Daí em diante surgem o medo, a angústia e a preocupação com a família.

Respire fundo, mantenha a calma e coloque-se na posição de controle. Muitos cânceres são curáveis!

Felizmente, o câncer quase nunca é uma emergência médica, como uma obstrução de uma artéria do coração ou do cérebro ou mesmo uma apendicite aguda. Portanto, tente manter a calma e o raciocínio, para com o máximo de equilíbrio possível procurar as melhores fontes médicas para ajudá-lo a vencer essa batalha. Embora essa seja uma situação nova para você, o principal responsável por seus atos, decisões e escolhas, tão importantes para analisar os melhores tratamentos e encarar esse desafio, será você.

2. Faça as perguntas certas para seu médico

É fundamental que você, ao entrar em uma batalha, saiba contra quem está lutando. Sugerimos algumas perguntas importantes que devem fazer parte da maioria das primeiras consultas:

- Qual é o tipo de câncer que tenho e de onde ele se originou?

- O câncer atingiu outros órgãos?

- Quais os exames de imagem e sangue necessários para saber a gravidade do câncer?

- Já fui operado do tumor. Quais são os riscos de uma recidiva?

- Existem tratamentos para diminuir os riscos de recidiva?

- Tenho um câncer avançado. Quais são os tratamentos disponíveis e o que esperar deles?

- Quais os efeitos colaterais de cada tratamento proposto?

- O que devo mudar no meu estilo de vida para seguir os tratamentos recomendados?

- Existem, além dos tratamentos convencionais, protocolos de pesquisa nesta área nos quais poderia me incluir?

Estas perguntas vão lhe ajudar a esclarecer melhor os detalhes de sua doença e do tratamento.

3. Confie na equipe médica que vai cuidar de você

Como em outras situações de alta relevância, sugere-se que você, além de buscar indicações com amigos ou um médico conhecido, verifique as credenciais dos médicos que se responsabilizarão pela sua saúde e o ajudarão na sua luta contra o câncer.

Verificar se o médico tem título de especialista na área, se tem experiência com aquele tipo de tumor ou aquela situação específica pode ajudá-lo a escolher os melhores médicos para você.

Além dos aspectos técnicos, deve existir empatia entre você e seu médico. A confiança no tratamento escolhido e na equipe que o conduz certamente aumentará, caso você julgue os profissionais competentes e também tenha afeição a eles.

4. Reflita sobre os resultados e as consequências dos tratamentos

Após discutir longamente com a equipe médica, frequentemente mais de uma vez, você deve ir para casa e refletir sobre o que lhe foi proposto. Essa atitude é, de fato, a melhor para você. Existem várias opções de tratamentos para o mesmo tumor em estádios similares, mas que apresentam variações entre si. O tratamento só será o mais adequado para você se você estiver confiante na escolha.

Muitas vezes, em momentos de angústia e ao se deparar com uma doença com que não estamos familiarizados, ficamos confusos ou inseguros. Caso você esteja se sentindo assim, procure outras opiniões médicas.

Muito importante, a segunda opinião pode ser extremamente útil para compará-la com as consultas médicas anteriores e rever a consistência das recomendações iniciais. Ela, porém, pode ser prejudicial ao tratamento caso o profissional procurado não seja adequado para seu caso. Portanto, se for procurar uma segunda opinião, certifique-se de que o profissional tem todas as credenciais para ajudá-lo.

Após escolher a equipe médica que cuidará de você e decidir o tratamento a ser implementado, é fundamental que você deposite TODA confiança neles. Acreditamos que o conhecimento sobre a doença e seu tratamento aliado a um profundo sentimento de que você está se submetendo ao que existe de melhor para você tenha impacto positivo nos resultados a serem obtidos.

5. Receba seu tratamento com alegria

Lembre-se de que você decidiu fazer aquele tratamento específico, portanto esteja convicto de que ele é o melhor para você entre todos os propostos. Existem dois modos de recebê-lo: com tristeza ou com alegria.

Pela experiência médica, notamos que, de maneira subjetiva, os pacientes que recebem o tratamento com alegria passam por esse período da vida de modo muito mais tranquilo do que aqueles que o fazem com amargura.

Imagine que os tratamentos que lhe estão sendo oferecidos visam curá-lo ou melhorar sua saúde, e lembre-se de que muitas pessoas no passado não tiveram a mesma oportunidade de tratamento, por não haver tantas opções disponíveis.

A mente é muito poderosa, ou seja, as ferramentas terapêuticas, como cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e drogas de alvos moleculares podem ajudá-lo ou causar efeitos colaterais em proporções que podem ser influenciadas pelo seu lado emocional.

6. Procure ter uma relação aberta com seu médico

Em uma relação médico-paciente, deve existir, além de confiança e empatia, liberdade para que você possa se sentir à vontade para esclarecer todas as suas dúvidas e angústias.

Nós, médicos, apesar de atentos aos sentimentos dos nossos pacientes, não conseguimos saber tudo que se passa na cabeça e na alma deles. Portanto, você estará ajudando não só a si mesmo, mas também à própria relação médico-paciente se você se sentir tranquilo e com liberdade para expressar seus sentimentos, anseios, dúvidas e questionamentos.

7. Mantenha suas atividades rotineiras

Muitos tratamentos não impedem necessariamente que você mantenha sua rotina de vida, mas podem exigir algumas modificações. Portanto, se seu trabalho lhe agrada, se reunir-se com os amigos no clube em um dia da semana lhe traz prazer, se levar seus filhos ou netos ao colégio lhe deixa contente, continue fazendo todas essas atividades.

Converse com seus médicos sobre as restrições que você deve seguir durante o tratamento. Lembre-se de que, se você é uma pessoa ativa, não será bom para ninguém, e muito menos para você, deixar de sê-lo, a não ser que haja necessidade médica.

Lembre-se de que a vida continua e, mais do que isso, SUA vida continua. Essa atitude positiva pode lhe fazer sentir que você está em tratamento contra uma doença, mas não necessariamente doente ou vencido pela doença.

No entanto, tenha em mente que esse momento é extremamente importante, portanto, caso haja conflito de horários entre o tratamento e suas atividades rotineiras, o tratamento do câncer e as consultas médicas devem ser priorizados.

8. Modifique seu estilo de vida

Muitos dos nossos pacientes mudaram, para melhor, seu estilo de vida durante e após o fim do tratamento. Passaram a se cuidar mais, praticando atividade física, mudando os hábitos alimentares, suspendendo o uso de cigarro e álcool – atitudes que eles provavelmente não tomariam caso não tivessem a grandeza de, a partir de momentos difíceis, tirar lições e ensinamentos proveitosos.

Procure acumular experiências que tornem sua vida mais valiosa, algo que precisa ser cuidado com carinho em todas as esferas, incluindo também o estilo de vida.

9. Tenha uma atitude pró-ativa

Ao receber o diagnóstico de câncer, temos a sensação, como mencionado anteriormente, de que o mundo desabou. Lembre-se de que isso não é verdade, pois a cura é possível em uma série de casos.

Procure ter uma atitude pró-ativa, encarando o câncer como um desafio a ser vencido e não como uma ameaça, assumindo que você é parte importante nesse processo.

O câncer não é seu dono e você é parte importante no combate a ele. Não tenha pena de si mesmo, transforme esse momento em algo desafiador e seja pró-ativo.

10. Repense as relações pessoais

Com a notícia, inicialmente impactante, seguida dos exames complementares e do início do tratamento, um sentimento inerente que observamos em quase todos os pacientes é que, além da sensação de poder ou dever vencer essa batalha, a vida é finita para todos nós.

Assim sendo, muitos pacientes, sensibilizados por um obstáculo a ser vencido, procuram retomar relações distantes ou até mesmo estremecidas com amigos e parentes próximos. Lembre-se de que coisas muito boas podem emergir de um momento de dificuldade como esse e que isso só depende de você.

Em nossa experiência, observamos que o câncer em si desperta sentimentos de aproximação e perdão entre pessoas íntimas que tinham ressentimentos profundos e até então insolúveis entre si; independentemente do resultado dos tratamentos da doença, elas se reaproximaram e resolveram seus problemas. O impacto positivo dos atos de aproximação ou perdão é infinito e muito poderoso em todos os sentidos.

11. Procure ler sobre a sua doença

Você tem uma batalha pela frente e deve conhecer quem é de fato seu oponente, para desenhar, junto com seu médico, a melhor estratégia para vencê-la. A obtenção de informações através de livros, artigos e internet pode ser muito valiosa nesse sentido. No entanto, aconselhamos veementemente a perguntar ao seu médico quais são as melhores fontes para obter as informações mais precisas.

Lembre-se de que nem sempre há um controle rigoroso da qualidade do que é escrito, portanto as informações podem não ser precisas e adequadas para seu caso, principalmente quando obtidas pela internet. A informação errada ou inadequada pode trazer mais angústia e insegurança.

Lembre-se também de que você, por não ser da área médica, pode estar pesquisando sobre sua doença em fontes confiáveis, porém os termos usados na pesquisa talvez não sejam adequados para seu caso. Nesse caso, você poderá obter informações não condizentes com a sua situação específica.

Portanto, como já mencionado anteriormente, mantenha uma relação de transparência com seu médico, assim ele poderá orientá-lo sobre as fontes de pesquisa e a maneira como realizá-la de modo adequado.

12. Compartilhe sua doença com pessoas amadas

Não torne sua doença pública, pelo menos inicialmente. Como algo pessoal e íntimo, mantenha-a entre as pessoas que mais o amam e são mais próximas a você. São elas que mais o entendem e mais vão apoiá-lo nessa situação.

Comumente vemos, em nossos consultórios, pacientes com dúvidas e inseguranças, tomados por uma avalanche de informações, a maior parte improcedente, sobre detalhes da doença e do tratamento. Essas informações vêm de pessoas que, com a  melhor das intenções, querem ajudar, mas que não são as mais indicadas do ponto de vista técnico e afetivo.

Por várias vezes, observamos pacientes que estavam se saindo extremamente bem durante o tratamento terem crises de choro em nossos consultórios, após conversarem com outras pessoas que contaram histórias tristes sobre câncer, sobre casos que em nada se assemelhavam ao do paciente sentado à nossa frente.

Lembre-se de que esse é um momento íntimo e relevante na sua vida. Divida-o com quem tem condições de compartilhá-lo com você.

13. Seja otimista

Quando recebemos o diagnóstico de câncer e vamos iniciar um tratamento, devemos perguntar e obter todas as informações necessárias para compreender a doença e o tamanho do desafio que teremos pela frente. A informação, como descrita no item 2, é parte essencial do seu tratamento.

As informações o colocam no contexto da racionalidade e da realidade. A pessoa fica ciente dos detalhes do tratamento, seus potenciais efeitos colaterais, os próximos passos e as possibilidades de sucesso.

Daí para a frente, sugerimos veementemente que você encare tudo com otimismo, com o sentimento de que vai vencer esse desafio. Sempre falamos aos nossos pacientes que realidade e otimismo não vêm separados e sim juntos. Os dois são instrumentos poderosos para ultrapassar os obstáculos gerados pelo câncer.

14. Compartilhe experiências parecidas

Em algumas situações – por exemplo, antes de iniciar o tratamento ou quando o tratamento inicial não ofereceu um bom resultado –, você estará extremamente angustiado.

Algo que pode ajudar a lhe propiciar maior tranquilidade é perguntar ao seu médico se você poderia conversar com outros pacientes que enfrentam situações similares.

Muitas vezes esse passo é de extrema valia, pois nem sempre os médicos conseguem passar as informações com a mesma exatidão e simplicidade que outro paciente que está passando ou já passou pela mesma situação que a sua.

15. Pare de olhar para trás

Atitudes passadas em termos de estilo de vida, como fumo, má alimentação ou excesso de estresse, podem eventualmente ter influenciado no surgimento da sua doença. Nesse caso, procure mudar suas atitudes para melhor.

Porém, não gaste sua valiosa energia em arrependimentos, questionando-se por que fumou, alimentou-se mal ou submeteu-se a tanto estresse no trabalho por tanto tempo. O passado é passado e imutável. Concentre-se no presente, em vencer a doença, pensando que ela pode lhe tornar uma pessoa melhor, com estilo de vida e hábitos mais saudáveis.

Uma frase conhecida entre os maratonistas, durante uma prova, diz que é tempo de parar de fazer perguntas e começar a respondê-las. Encare-a como verdade.

16. Viva a vida com alegria

Durante o tratamento e após seu término, procure se divertir. Isso o tornará mais relaxado e o fará sentir que a vida continua. Vá aos restaurantes de que gosta, ao teatro, à ópera.

Converse com seu médico sobre viagens que costuma fazer ou que gostaria de fazer com seu cônjuge, pais, filhos ou netos.

Nesse período, nem a sua vida nem a de seus entes queridos deve parar.

17. Conte com sua família

Vemos pacientes no consultório que ficam constrangidos porque o filho deixou de ir a um compromisso para levá-lo à consulta.

Sempre dizemos que, se o paciente fosse o acompanhante e o filho o paciente, ele faria a mesma coisa – e com alegria.

Lembre-se de que a família é o seu principal apoio, e você deve contar com ela.

O câncer não é uma doença só sua, ela atinge todos que o amam. Deixe-os ajudá-lo.

18. Perdoe as pessoas, seja mais flexível, ame os outros e as coisas simples da vida

Esse é um momento muito importante na sua vida. Passe a fazer coisas que melhorem sua relação com outras pessoas no dia a dia. Não seja tão intransigente, tão duro, tão radical em relação aos outros. Perdoar e ser menos rígido podem manter seu espírito em um estado muito mais elevado.

Ame mais as pessoas e os detalhes da vida, mesmo as pequenas coisas. Passe a reparar mais nelas. Independentemente do resultado do tratamento, você vai conseguir transformar o ambiente ao seu redor em sintonia com as emoções e o estado de espírito.

19. Seja grato

Expresse gratidão a todos que o ajudam a vencer esse desafio. Fale, escreva, demonstre. Essas pessoas (familiares, amigos, equipe médica, grupos de apoio) fazem parte do seu sucesso e devem também receber o mérito e o seu reconhecimento.

Lembre-se de que todos estão remando no mesmo barco, para que VOCÊ se cure.

20. Ajude os outros que passam pela mesma situação já encarada por você

Seja altruísta. Você recebeu boas surpresas de muita gente que lhe ofereceu carinho, amor, solidariedade, dedicação e esforço pessoal. Você venceu o desafio e agora tem experiência e vivência de grande valia.

Ajude como puder os demais que estão passando pelos mesmos caminhos antes trilhados por você. Esse é um movimento de extrema solidariedade e bondade e muito importante para ajudar outros a enfrentar as adversidades.

 

Fonte: MALUF, Fernando Cotait. Vencer o Câncer de Próstata. Sao Paulo: Dendrix, 2014.

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