Envelhecimento saudável: Estratégias e desafios para mais uma etapa da vida!

Lilian Yepez Do Lago , Psicologia

Publicado em 08/02/2024 - Atualizado em 05/05/2024



O envelhecimento é uma fase natural da vida e é caracterizado por mudanças físicas, psicológicas e sociais. Experimentamos formas de mudanças em todas as fases da vida, mas vamos nos deter a essa fase específica, que compõe a vida e demanda uma preocupação crucial com a saúde.

Precisamos, nesse primeiro momento, pensar um pouco no conceito de saúde. Seria saúde apenas a ausência de doenças? Assumimos em grande parte da história humana, que saudável é aquele que não está apresentando doenças, um conceito muito limitado para dar conta de todas as nuances da espécie humana.

Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS) amplia o conceito de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade. O impacto da mudança de percepção do que é saudável nos leva agora a considerar a qualidade no processo de vida, mesmo com todas as limitações e dificuldades de cada fase dela.

À medida que a população mundial envelhece, surge a necessidade premente de focar na saúde dos idosos, buscando não apenas prolongar a vida, mas promover um envelhecimento ativo e saudável, atendendo ao conceito amplo de que seria saúde.

É fato que, à medida que envelhecemos, é inevitável que enfrentemos um declínio em nossas capacidades, mas será que isso realmente determina o fim? Tomando como referência as ideias do grande filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre, “a existência precede a essência”, podemos entender que em sua percepção, o homem se faz em toda sua existência. A partir do momento que estamos no mundo, nosso projeto de vida começa a ser construído.

Não chegamos a esse mundo com scripts e roteiros de vida prontos. Vamos escrevendo nossa história ao longo de nosso percurso, através de nossas escolhas e posicionamentos na vida. Portanto, podemos encarar essa terceira fase da vida como mais um capítulo a ser confeccionado, com suas características próprias, com suas perdas naturais, mas também, com qualidade de vida, saúde e com muitas conquistas.

Mas quais seriam os desafios deste novo capítulo da vida?

Doenças Crônicas: o envelhecimento nos traz um maior risco de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, entre outras. Ainda lidaremos com algumas perdas do organismo - naturais pelo decorrer do processo de vida - como diminuição da audição e/ou visão. O acompanhamento eficaz e preventivo dessas condições, define em grande parte, a qualidade de vida dos idosos.

Declínio Cognitivo: O comprometimento cognitivo e as doenças neurodegenerativa, como a doença de Alzheimer, representam ainda, desafios significativos para a ciência moderna.  Estratégias para manter a função cognitiva e prevenir a degeneração cerebral, são fundamentais para incentivar a permanência de uma atividade mental saudável.

Interações sociais:  as mudanças de papéis e isolamento social pode se tornar um problema entre os idosos, contribuindo para problemas de saúde mental, como a depressão, entre outras doenças mentais. A aposentadoria, que pode ser percebida como o fim do papel profissional na vida e as mudanças nas relações com os filhos - com os idosos recebendo mais cuidados, do que até agora estavam acostumados a dar- podem desestabilizar a qualidade de vida mental desses idosos.

Inatividade Física: A ausência da atividade física é um fator de risco para várias doenças. Quando consideramos o bem-estar físico e emocional, a atividade física atende à duas coisas, a serotonina e a endorfina, liberadas através dos neurotransmissores ligados ao humor, estas substâncias presentes no organismo são responsáveis direta pela sensação de felicidade.

Neste cenário de dificuldades apresentadas, teríamos nós outras saídas ou possibilidades, de continuar nosso roteiro de vida de forma entusiástica e feliz? Como continuar escrevendo e surpreendendo a vida?

Para responder a essas questões, voltemos as ideias de Sartre, na construção constante de nosso projeto de vida, conjuntamente com o posicionamento da psicologia existencial - que aponta a tendência inerente dos organismos buscarem o crescimento, o desenvolvimento e a atualização de suas capacidades - podemos afirmar que a vida surge e ressurge em todos os momentos de nossa existência. O ser humano é dotado da capacidade de se inventar e reinventar sempre.

Mesmo com todas as limitações de nosso percurso, a vida “teima” em nos levar adiante. Portanto, cabe a cada um de nós e aos que também compartilham a vida conosco preenchê-la com mais encantos. Se faz necessário para isso, elaboramos estratégias para que este livro, escrito por nós e repleto de participações especiais, se torne o nosso best seller.

Aqui vão algumas dicas e estratégias para focar em seu projeto de vida mais feliz e saudável:

Atividade física: mexa-se como puder e quiser, dance, ande, passeie, mas faça a vida correr em seu corpo, através da ativação da circulação sanguínea. Existem programas de exercícios adaptados, como caminhadas, musculação e hidroginástica, entre outros, que podem ser realizados e atendem às necessidades específicas dos idosos.

Até para as pessoas que se encontram acamadas, existem atividades possíveis para obter uma condição física mais benéfica possível. Profissionais como os fisioterapeutas, possuem conhecimento e podem orientar estes processos.

Com orientação de profissionais da saúde, os próprios cuidadores podem reforçar na rotina diária, as atividades físicas mais naturais. A atividade física regular promove a saúde cardiovascular, muscular, óssea e mental.

Alimentação adequada: a saúde física começa por aquilo que fornecemos como combustível ao nosso organismo. Assim como as máquinas eletrônicas, o sistema orgânico precisa de nutrientes compatíveis com os recursos e gastos que temos. Comer mais ou comer menos, interfere na nossa capacidade de reagir e agir na vida, assim como um carro com pouco combustível, não consegue completar grandes distâncias ou se estiver com o combustível errado, dará problemas e manutenção.

Promover uma alimentação equilibrada não é gastar fortunas em alimentos caros, é procurar dentro de nossas possibilidades uma dieta rica em nutrientes essenciais e adequados à fase da vida. A ingestão de vitaminas, minerais e proteínas contribui para o fortalecimento do organismo e a prevenção de várias doenças.

Garantia de atendimento médico: assegurar o acesso regular a cuidados médicos é vital. Na área da saúde não há com discordar de que a prevenção é o melhor remédio. Exames regulares preventivos, que permitem descobrir e acompanham doenças crônicas, deveriam ser priorizados sempre, tanto pelos governos, como pelos próprios indivíduos. 

Os sistemas sobrecarregados do Estado, na área de saúde, podem falhar, mas hoje ainda temos um número significativo de pessoas, que não assimilaram a real necessidade da prevenção. Para o idoso isso é ainda mais significativo. O gerenciamento de doenças crônicas e acompanhamento de problemas de saúde mental devem ser priorizados.

Estímulo à Atividade Mental: a neurociência nos mostra que toda a aprendizagem, parte da reação de nosso cérebro a estímulos que o afetam. Um estímulo é uma mudança percebida no ambiente, interno ou externo, que dispara uma resposta do organismo. Os desafios enfrentados em nossa vivência, são estímulos para que nosso cérebro procure novos caminhos e, assim ele continua cumprindo suas funções.

Quanto mais estímulos eu tenho, mais caminhos se abrem de possibilidades em meu cérebro. Por isso, é importante se ter a estimulação em quantidade e qualidade, adequada à cada fase da vida. Estimular é desafiar o nosso cérebro é fundamental para a saúde mental e para isso podemos usar uma série de atividades. Leitura, exercícios de lógica, jogos, quebra-cabeças, resoluções de problemas diários, são exemplos de estímulos que mantém nossa mente ativa e previnem o declínio precoce e acentuado de nossa capacidade de aprender.

É fundamental que se incentivem constantemente estas atividades. A tendência dos idosos, principalmente os acamados, é a inercia tanto física, como mental e isso não pode ser normalizado.

Por fim o idoso deve ter garantido sua autonomia de ação e decisão. Eles podem e devem construir seus próprios projetos, e a geração mais nova pode dar apoio e acolhimento, quando necessário.

Incentivo à interação social:  os grupos sociais servem de apoio e trocas em todas as fases de nossa vida. Para o idoso isso é ainda mais significativo. Portanto, promover oportunidades de interação social, com a participação em grupos de convivência, eventos comunitários, atividades sociais, ajudam a evitar o isolamento social e a promover o bem-estar emocional.

Enfim, solicitando uma licença poética a Ana Vilela, em sua música Trem-bala, consideramos que a vida em suas diversas fases, com todos os obstáculos e desafios, possui beleza, conquistas e muita felicidade:

“A gente não pode ter tudo

Qual seria a graça do mundo se fosse assim?

Por isso eu prefiro sorrisos e os presentes

Que a vida trouxe pra perto de mim”. (Ana Vilela)

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