Carcinoma Espinocelular - O mais grave?

Dr. Luiz Guilherme Martins Castro, Dermatologista

Publicado em 05/12/2017 - Atualizado em 02/05/2024



Câncer de pele é o nome genérico que se dá às lesões malignas que surgem na pele ou nas mucosas.

É tipo de câncer mais comum entre os seres humanos. Estima-se que 1 entre cada 4 casos de câncer diagnosticados se origine na pele.

Os cânceres de pele costumam ser divididos em 2 grupos principais: os melanomas e os carcinomas (também conhecidos como “câncer de pele não-melanoma”) 

Os carcinomas são o tipo mais comum, representando cerca de 95% dos tumores malignos de pele. Existem dois tipos principais: o carcinoma basocelular, mais comum e menos agressivo e o carcinoma espinocelular (CEC), que apesar de menos comum pode ser mais grave.

O CEC responde por cerca de 20% dos cânceres de pele e eventualmente pode causar metástases, o que faz com que seja importante detectá-lo nas fases iniciais.

Outra peculiaridade do CEC é que ele pode ser encontrado em mucosas, principalmente no lábio. Quando localizado na parte interna da boca ou genitais não há associação com os raios UV, mas sim com fumo ou alguns tipos de vírus.

Causa

Os CEC da pele estão relacionados diretamente com grande exposição aos raios ultravioleta (UV) do sol durante a vida em pessoas com pele clara.

No nosso país são comumente encontrados em descendentes de imigrantes europeus, que trabalharam na lavoura ou, no nordeste, entre os descendentes dos invasores holandeses ou franceses.

Sintomas

O CEC costuma se manifestar como asperezas na pele ou como pequenas feridas que sangram facilmente e não cicatrizam, especialmente em pessoas de pele clara e nas áreas mais expostas ao sol no dia-a-dia.

Quase sempre se localizam nas áreas de pele exposta ao sol diariamente (rosto, antebraços, dorso das mãos, lábio inferior e ombros. Em homens calvos costuma ser encontrado na careca e nas orelhas. São mais comuns após os 50 anos.

Não costumam doer, mesmo em fases mais avançadas.

Um grupo que cada vez vem chamando mais atenção pelo risco aumentado de desenvolver CEC é o de transplantados imunossuprimidos. Como a sobrevida destas pessoas tem sido cada vez maior, a diminuição da imunidade para evitar a rejeição do transplante favorece o surgimento de tumores de pele mais agressivos.

Nas fases mais iniciais, quando o CEC  está em fase de surgimento, (pré-câncer) é comum observar lesões de aspecto áspero, chamadas queratoses actínicas, que apresentam um risco grande de evoluírem para um carcinoma.

Existem pessoas que apresentam extensas áreas de pele agredida cronicamente pelo sol, que são chamadas de “campos de cancerizável”. O risco de surgimento de carcinomas nestas áreas é muito grande

Diagnóstico

Muitas vezes o próprio paciente desconfia do aspecto de uma lesão de pele. O auto-exame é uma forma eficiente de detectar lesões suspeitas, favorecendo o diagnóstico e tratamento precoce.

O dermatologista é treinado para identificar os CEC e as queratoses actínicas na pele apenas com o exame visual. Quando suspeita que uma lesão possa ser um CEC, o dermatologista pode realizar uma biópsia, que é uma pequena cirurgia feita com anestesia local, para colher uma amostra da lesão e enviar para a realização do exame anatomopatológico. É este exame que vai confirmar se é um CEC de pele ou não, o tipo e a extensão.

Tratamento

Tão  importante quanto tratar o CECé adotar medidas preventivas .

CEC em fases inciais e superficiais (como a Doença de Bowen) podem ser tratados no próprio consultório com um pequeno procedimento cirúrgico sob anestesia local. Existem casos onde pode ser necessário recorrer a cirurgias em ambiente hospitalar, sob sedação, realizadas por médico treinado em cirurgia e oncologia cutânea e com controle das margens cirúrgicas com biópsias de congelação (cirurgia micrográfica).

Existe uma tendência moderna de se tratar as queratoses actínicas com métodos não-cirúrgicos. Estes tratamentos são especialmente indicados para tratar áreas de campo cancerizável. Medicamentos (cremes) à base de 5 fluoracil ou imiquimode e, mais recentemente, de ingenol mebutato, são muito utilizados. A terapia fotodinâmica  é uma outra modalidade de tratamento não cirúrgico mutio utilizada para tratar lesões isoladas de queratoses actínicas, como campo cancerizável.

Prevenção do Câncer de Pele

Como fazer para evitar o câncer de pele?

O câncer de pele se relaciona diretamente com a cor clara da pele e exposição prolongada aos raios ultra-violeta.

É importante lembrar que não é uma exposição intensa e ocasional que causa o câncer de pele, mas sim a exposição  acumulada durante a vida. Além de favorecer o aparecimento do câncer de pele, a exposição prolongada e repetida da pele aos raios UV também causa o envelhecimento cutâneo.

Alguns cuidados simples podem diminuir os efeitos danosos do sol:

Os dermatologistas orientam que as pessoas tenham um “comportamento solar” para poder aproveitar a vida sem abrir mão das atividades que lhes dão prazer e minimizar os riscos de câncer de pele e de envelhecimento cutâneo. O uso de filtro solar é apenas um deles.

  • Use filtro solar com fator de proteção solar (FPS) igual ou superior a 15, aplicando-o generosamente pelo menos 20 minutos antes de se expor ao sol. Reaplique após mergulhar ou transpirar excessivamente.

  • Proteja a pele com chapéus e tecidos grossos (tanto para roupas como para guarda-sol ou barracas), que bloqueiem ao máximo a passagem do sol. Mesmo assim use filtro solar,  pois parte da radiação UV atravessa os tecidos.

  • Existem tecidos modernos que contêm na sua composição uma substância fotoprotetora, desta forma, roupas e produtos fabricados com estes tecidos conferem proteção contra os raios UV.

  • Durante o dia a quantidade de raios ultravioleta do tipo B na atmosfera varia muito, sendo muito maior próximo ao meio dia. Por essa razão é interessante evitar as exposições ao sol no período entre 10 e 15 horas.

  • Lembre-se de proteger a face, os lábios e orelhas, locais mais comumente afetados pela doença. Homens devem dar atenção especial à careca e à nuca.

  • A proteção das crianças é responsabilidade dos pais! Proteja-as e estimule os adolescentes a se proteger também. Este é um hábito que deve ser formado desde cedo.

  • Procure um dermatologista se notar manchas ou lesões na sua pele que estão se modificando, formam “cascas” na superfície, sangram com facilidade, que não cicatrizam ou apresentem crescimento progressivo.

  • Faça uma visita anual ao dermatologista para avaliação de sua pele e tratamento preventivo de eventuais.

Curiosidades

  • O uso de protetores solares é muito útil para ajudar a diminuir os estragos causados pelo sol, mas só isso não basta.

  • Ao mesmo tempo em que podem causar câncer de pele, os raios solares são necessários para manter a saúde, estimulando a fabricação de vitamina D.

  • Além de serem os maiores responsáveis pelo câncer de pele, os raios solares também causam envelhecimento da pele.

  • É importante lembrar que não é uma exposição intensa e ocasional que causa o câncer de pele, mas sim a exposição ao sol acumulada durante a vida.

  • Pessoas de pele muito clara, que não tomaram muito sol durante a vida, terão menos chance de ter um câncer de pele.

 

Dr Luiz Guilherme Martins Castro - lgmc@oncoderma.com.br

Médico dermatologista  - CRM 57.252, Coordenador do Centro de Oncologia Cutânea do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Vice-presidente da International Society of Dermatology, Doutor pela USP e Mestre pela Escola Paulista de Medicina, Sócio fundador da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e do Grupo Brasileiro de Melanoma.

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Comentários:

18/09/2019 - 16:03:10
Maria ivoneide Pereira da Silva disse:
Foi de grande ajuda estas informações,pois tenho câncer de pele e meu pai também!! disse:
21/06/2019 - 12:34:15
Edilson de Araujo disse:
Tenho quadro diagnósticado como psoríase. Porém tem me surgido lesões e verrugas que está me gerando dúvidas . E quero saber um pouco mais sobre câncer de pele. Obrigado ! disse:

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