Alertas da desnutrição

Dra. M. Isabel T. D. Correia, Cirurgiã, Especialista em Nutrição

Publicado em 22/11/2017 - Atualizado em 24/04/2024



Estou doente, não tenho vontade de comer (falta de apetite) e perdi peso,  preciso me preocupar com isso?

Sim!  Estar doente, emagrecer e não comer são fatores de risco para desnutrição. Ou seja, a doença causa alterações no metabolismo, que por sua vez levam à falta de apetite e com isso se come menos, sendo o resultado final o emagrecimento. Além disso, muitas vezes ainda pode haver concomitantemente náuseas, vômitos ou diarreia, o que pioram ainda mais o quadro nutricional. A isso se chama DESNUTRIÇÃO! (1, 2)

A desnutrição interfere no funcionamento de quase todos os órgãos do corpo, causando alterações importantes, por exemplo, diminuição da capacidade de se defender contra infecções e cicatrização inadequada depois de uma operação. Pacientes com câncer em tratamento quimio ou radioterápico, se desnutridos, têm mais efeitos colaterais, como diarreia, fraqueza e infecções. Isso causa, muitas vezes, a necessidade de interromper o tratamento até que haja melhora das condições nutricionais, o que nesta fase é algo mais difícil (3). Desta maneira, todo o indivíduo doente que apresenta o quadro sugestivo de desnutrição deve ser avaliado por equipe especializada.

Como saber se o paciente está em risco de desnutrição?

Basta responder a duas perguntas simples (triagem nutricional):

1- Perdeu peso sem querer?

2- Diminuiu a ingestão de alimentos (falta de apetite) (4)?

Se a resposta for sim, para qualquer uma dessas perguntas, então há risco nutricional.  Logo, o doente deverá ser submetido a avaliação nutricional completa que é realizada por profissionais treinados para tal, como médicos e nutricionistas, em geral. Desta maneira, será possível fazer-se o adequado diagnóstico e, iniciar-se a Terapia Nutricional orientada especificamente para o quadro do doente.

Terapia Nutricional

A terapia nutricional significa:  receber orientações nutricionais específicas, como adequação de alimentos oferecidos pela boca, de acordo com a preferência do paciente,  a capacidade de engolir e digerir ou; nutrição artificial por cateter (tubinhho) colocado no estômago ou intestino (nutrição enteral) ou; cateter posicionado em veia (nutrição parenteral). Estas formas de tratamento auxiliam na interrupção do processo de desnutrição ou contribuem para a recuperação do estado nutricional e, com isso haverá maior probabilidade de melhorias do tratamento da doença de base.

De forma bem simples, é muito importante que as pessoas saibam que perder peso sem querer ou não comer por falta de apetite são sinais de alerta para algo que pode ser prevenido ou até mesmo tratado: desnutrição!

Peça ajuda se este for o seu caso!  

M. Isabel T. D. Correia

 

1.         Waitzberg DL, Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001;17(7-8):573-80.

2.         Correia MI, Caiaffa WT, da Silva AL, Waitzberg DL. Risk factors for malnutrition in patients undergoing gastroenterological and hernia surgery: an analysis of 374 patients. Nutr Hosp. 2001;16(2):59-64.

3.         Correia MI, Waitzberg DL. The impact of malnutrition on morbidity, mortality, length of hospital stay and costs evaluated through a multivariate model analysis. Clin Nutr. 2003;22(3):235-9.

4.         Correia MITD. Nutrition Screening vs Nutrition Assessment: What’s the Difference? NCP. 2017;on line.

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